Objetivos da aula:
Olá, cursista!
Nesta aula, você conhecerá um pouco sobre o conceito e a história da metrologia, assim como a sua importância para o desenvolvimento industrial e tecnológico da nossa sociedade. Também estudaremos as diversas aplicações da metrologia que podemos encontrar em nosso dia a dia.
Vivemos hoje em um mundo altamente tecnológico...
Você sabia que a Metrologia Legal é parte da metrologia...
Vivemos hoje em um mundo altamente tecnológico. Com o avanço do número de bens produzidos e o surgimento de diversos serviços, fez-se necessário o estabelecimento da universalização das normas e padrões que passam a ser adotadas pelas diferentes empresas. Vejamos um exemplo: a linha de montagem de um avião é possível graças a essa universalização que permite que as peças necessárias para a construção de um avião sejam compatíveis entre si, independentemente do local em que foram produzidas, e possuam qualidade comprovada.
Essa capacidade produtiva é resultado de uma evolução dos modos de produção e dos processos de medição envolvidos nessas construções de objetos e estruturas complexas.
Para entendermos melhor a evolução dos conceitos envolvidos nos processos de construção e medição, vamos voltar ao Egito Antigo.
A construção de uma pirâmide envolvia um enorme número de blocos de pedra que se encaixavam. Os projetos de construção de pirâmides eram complexos e cuidadosamente feitos por arquitetos e engenheiros da época. Inúmeros trabalhadores deviam cortar, mover e encaixar as peças e os arquitetos deviam verificar se as peças cortadas correspondiam ao projeto, a fim de que o encaixe se desse conforme o planejado, e a estrutura tivesse a qualidade necessária.
A unidade de comprimento usada na época era chamada cúbito ou côvado, que correspondia à distância entre o cotovelo e a ponta do dedo do faraó, demonstrando que os primeiros artefatos criados pelo homem para padronizar as medições são baseados nas medidas antropométricas .
Existia um padrão de granito que representava o cúbito real e era a referência para todas as medidas. Mas esse padrão não poderia ser movido para o canteiro de obras, pois sua perda ou dano comprometeria o processo de construção. Ele deveria ficar seguro no palácio do faraó. Então, os arquitetos usavam padrões de madeira no lugar do padrão de granito. Mas um cuidado era necessário: a medida padrão usada pelos arquitetos deveria sempre estar de acordo com o tamanho do padrão primário de granito. Ou seja, as medidas feitas pelos arquitetos deveriam ser rastreáveis ao padrão primário.
Dessa forma, podemos entender como a necessidade de medir e a exatidão das medidas são demandas bastante antigas. Mas, por muito tempo, cada região teve seu próprio sistema de medidas. Essas unidades eram geralmente arbitrárias e imprecisas e baseadas nos sentidos humanos, como tato e visão.
Já vimos que os primeiros padrões de medida de comprimento correspondiam a partes do corpo de pessoas nobres: o cúbito do faraó, o pé de um rei, o palmo de um soberano, etc. Isso criava muitos problemas para o comércio porque as pessoas de uma região não dominavam o sistema de medição das outras e também porque os padrões adotados eram, muitas vezes, subjetivos. As quantidades eram expressas em unidades pouco confiáveis, diferentes umas das outras e sem correspondência entre si.
A necessidade de converter unidades de medida era tão importante quanto a necessidade de converter moedas. Na verdade, em muitos países, entre eles o Brasil, nos tempos do Império, a instituição que cuidava da moeda também cuidava do sistema de medidas.
A necessidade de converter unidades de medida era tão importante quanto a necessidade de converter moedas. Na verdade, em muitos países, entre eles o Brasil, nos tempos do Império, a instituição que cuidava da moeda também cuidava do sistema de medidas.
Durante a Revolução Industrial (séc. XVIII), surgiu a necessidade da padronização dos bens produzidos pelas linhas de produção para garantir a qualidade dos produtos. A evolução dessa padronização traria a necessidade atual de controle e monitoramento das linhas de produção e os instrumentos de medição se tornaram mais complexos para assegurar confiança à produção industrial. Mas, nesse período, os padrões de referência para as medições ainda eram locais e cada país possuía referências diferentes entre si, adequadas para o seu desenvolvimento tecnológico.
No site a seguir você encontra mais informações acerca da história por trás da criação dos pesos e medidas:
Em 1789, durante a Revolução Francesa, numa tentativa de resolver esse problema, a França criou o sistema métrico decimal, constituído inicialmente de três unidades básicas: o metro, que deu nome ao sistema por ter sido a primeira unidade a ser universalizada, o litro e o quilograma.
O metro, unidade básica de medida de comprimento, foi definido como a décima milionésima parte do comprimento do quadrante do meridiano que, passando pela cidade de Paris, ligava o Polo Norte à linha do Equador. O quilograma, unidade básica de medida de massa, foi definido como a massa de um litro de água. O litro foi definido como o volume de um decímetro cúbico.
Em 1799, durante a Revolução Francesa, foram criados os padrões materializados de comprimento e massa, uma barra e um cilindro de platina, depositados nos Arquivos da República, em Paris, na França. Eles ficaram conhecidos como Padrões dos Arquivos.
A turbulência política do período dificultou a adoção dos padrões e do sistema métrico no país. Contudo, as exigências de padronização do século XIX, em virtude da 1ª e 2ª Revoluções Industriais, impulsionaram o aprimoramento desses padrões.
Os esforços resultaram, primeiro, na Convenção Diplomática do Metro, de 20 de maio de 1875, em que se fundou o Bureau Internacional de Pesos e Medidas (BIPM). Segundo, na realização de novos padrões, criados a partir de uma liga de platina-iridiada (90% de platina e 10% de irídio). Os novos metro e quilograma, sancionados na Primeira Conferência Geral de Pesos e Medidas (CGPM), estão até hoje sob a guarda do BIPM, em Sèvres, na França.
Veja, agora, outros marcos históricos importantes para a evolução da metrologia no Brasil e no mundo:
Realizou-se a primeira Convenção Internacional do Metro, em 1875, na qual se assinou um tratado para uniformizar o sistema métrico internacional, adotando artefatos produzidos com a tecnologia do século XIX e criando o Protótipo Internacional do Metro e do Kilograma. Nesse período, criou-se o Bureau Internacional de Pesos e Medidas (BIPM). Dezessete países adotaram o sistema métrico e foram signatários da Convenção do Metro, entre os quais o Brasil.
Apesar das qualidades inegáveis do sistema métrico decimal, não foi possível torná-lo universal. Além disso, o desenvolvimento científico e tecnológico passou a exigir medições cada vez mais precisas e diversificadas. Em 1960, o sistema métrico decimal foi substituído pelo Sistema Internacional de Unidades (SI), mais complexo e sofisticado do que o anterior.
O Brasil criou o Instituto Nacional de Pesos e Medidas (INPM). Logo depois, adotou o SI. A Resolução nº 12, de 1988, do Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro) ratificou a adoção do SI no país, tornando seu uso obrigatório em todo o território nacional.
O INPM foi substituído pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) que, em 2011, mudou de nome, passando a se chamar Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro).
O Inmetro publicou a Portaria Inmetro n.º 590/2013, que estabelece o Quadro Geral de Unidades de Medida, adotado pelo Brasil atualmente.
Realizou-se a primeira Convenção Internacional do Metro, em 1875, na qual se assinou um tratado para uniformizar o sistema métrico internacional, adotando artefatos produzidos com a tecnologia do século XIX e criando o Protótipo Internacional do Metro e do Kilograma. Nesse período, criou-se o Bureau Internacional de Pesos e Medidas (BIPM). Dezessete países adotaram o sistema métrico e foram signatários da Convenção do Metro, entre os quais o Brasil.
Apesar das qualidades inegáveis do sistema métrico decimal, não foi possível torná-lo universal. Além disso, o desenvolvimento científico e tecnológico passou a exigir medições cada vez mais precisas e diversificadas. Em 1960, o sistema métrico decimal foi substituído pelo Sistema Internacional de Unidades (SI), mais complexo e sofisticado do que o anterior.
O Brasil criou o Instituto Nacional de Pesos e Medidas (INPM). Logo depois, adotou o SI. A Resolução nº 12, de 1988, do Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Conmetro) ratificou a adoção do SI no país, tornando seu uso obrigatório em todo o território nacional.
O INPM foi substituído pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) que, em 2011, mudou de nome, passando a se chamar Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro).
O Inmetro publicou a Portaria Inmetro n.º 590/2013, que estabelece o Quadro Geral de Unidades de Medida, adotado pelo Brasil atualmente.
Apesar das qualidades inegáveis do sistema métrico decimal – simplicidade, coerência e harmonia –, não foi possível torná-lo universal. Além disso, o desenvolvimento científico e tecnológico passou a exigir medições cada vez mais precisas e diversificadas.
Consulte aqui o Quadro Geral de Unidades de Medida, estabelecida pelo Inmetro.
O SI constitui a expressão moderna e atualizada do antigo sistema métrico decimal, ampliado de modo a abranger os diversos tipos de grandezas físicas, compreendendo não somente as medições que interessam ao comércio e à indústria no dia a dia (domínio da metrologia legal), mas estendendo-se completamente a tudo o que diz respeito à ciência da medição, atingindo maior universalização e internacionalização.
Vimos, até aqui, vários aspectos da história que contribuíram para o desenvolvimento dos padrões e normas que adotamos nas atividades de medições atualmente. Na próxima seção, iremos conversar um pouco mais sobre a importância da metrologia.
Vídeo
Para saber um pouco mais sobre o surgimento da medida denominada “metro”, assista ao vídeo “Breve história do Metro”:
No tópico anterior conhecemos um pouco da história e evolução das normas e padrões relacionados à ideia da medição. A partir disso, perguntamos: mas, afinal, o que é metrologia?
Metrologia é a ciência que abrange todos os aspectos teóricos e práticos relativos às medições, qualquer que seja a incerteza em qualquer campo da ciência ou tecnologia. (INMETRO, 2012)
A metrologia representa uma ciência estratégica para o desenvolvimento de uma nação, além de ser essencial para o desenvolvimento tecnológico e comercial das nações.
Para se ter ideia da importância da metrologia, estima-se que o custo das operações de medição equivalha a cerca de 6% do Produto Interno Bruto das nações industrializadas. Como exemplo, temos a comercialização de alimentos por peso e a medição do consumo de água e de eletricidade que afetam a economia de um país.
Vejamos outros exemplos de como as medições estão presentes em nosso cotidiano:
É praticamente impossível definir uma atividade de nosso dia a dia sem falar em pesos ou medidas.
Só para fazer um teste, tente desenvolver uma conversa em que não haja referências de peso ou de medida: “Que horas são?”; “Quantos quilos de feijão você comprou?”; “Você viu a velocidade daquele carro?”; “Meu colesterol está acima do limite!” etc.
Assim, todas as atividades comerciais e seus regulamentos dependem de como pesamos e medimos. O piloto do avião observa cuidadosamente a altitude, o curso, o consumo de combustível e a velocidade. O inspetor sanitário mede a população de bactérias. As indústrias adquirem matérias-primas por meio de pesos e medidas e especificam seus produtos usando as mesmas unidades.
Vídeo
Dê uma olhada no vídeo “Medições na vida cotidiana” para comprovar como a metrologia faz parte do nosso dia a dia.
Por fim, todas as atividades científicas são completamente dependentes da metrologia. Geólogos medem ondas sísmicas para avaliar as gigantescas forças que estão por trás dos terremotos; astrônomos medem a luz vinda de estrelas distantes para determinar sua idade; físicos comemoram quando, ao fazer experimentos de exatidão de bilionésimos de segundo, confirmam a presença de mais uma partícula infinitesimal. A disponibilidade de instrumentos de medição e a habilidade em usá-los são essenciais se os cientistas querem documentar, de forma objetiva, os resultados que alcançaram.
Como você deve ter percebido, a metrologia é provavelmente a mais velha das ciências. O conhecimento de como ela é aplicada é uma necessidade fundamental para todas as profissões baseadas no conhecimento científico e técnico.
A medição sistemática com a correta avaliação de suas incertezas é um dos pilares do controle de qualidade industrial, e, geralmente, nas indústrias modernas, os custos relativos às medições chegam a algo em torno de 10% a 15% do custo de produção. Boas medições podem aumentar significativamente a qualidade, o valor e a efetividade de um produto.
A metrologia cobre as atividades de medição em três áreas principais:
A definição de unidades de medida internacionalmente aceitas, como o metro.
A realização das unidades de medida por meio de métodos científicos, como a realização do metro por meio do uso de lasers.
O estabelecimento de cadeias de rastreabilidade , determinando o valor e a exatidão de uma medição e disseminando o conhecimento. Assim, seguindo nossa linha de exemplos, teríamos a relação documentada entre o parafuso de um micrômetro numa oficina de engenharia de precisão e um laboratório primário de metrologia óptica de comprimento.
A metrologia se divide em três categorias com diferentes níveis de complexidade e exatidão:
A metrologia se divide em três categorias com diferentes níveis de complexidade e exatidão:
Trata da organização e do desenvolvimento dos padrões de medida e sua conservação e manutenção (o nível mais alto).
Cuida do funcionamento adequado dos instrumentos de medição usados na indústria, na produção e nos ensaios e garante, dessa forma, possibilidade de controle e monitoramento das linhas de produção, garantindo a qualidade dos produtos que são oferecidos à sociedade, aumentando a qualidade de vida para os cidadãos.
É a prática e o processo de aplicar à metrologia uma estrutura legal e regulamentadora e implementar sua execução. Essa categoria da metrologia tem foco no estabelecimento de adequada transparência e confiança nos resultados das medições, com base em ensaios imparciais, nos campos econômico, saúde, segurança e meio ambiente.
A metrologia também oferece suporte e apoio ao desenvolvimento das atividades de avaliação da conformidade dos processos produtivos. A metrologia estabelece procedimentos para garantia da qualidade da medição e rastreabilidade das medições realizadas em uma linha de produção. Isso permite que os produtos possam ser avaliados a partir das medições das condições controladas na linha de produção e que possam ser acompanhados antes de chegarem ao mercado. A metrologia também apoia a avaliação da conformidade ao avaliar a qualidade dos produtos após a sua chegada ao mercado.
Outra atividade importante para qual a metrologia oferece suporte é na acreditação de laboratórios, em que a comprovação da rastreabilidade das medições realizadas para calibração e ensaios é elemento essencial para a aprovação dos laboratórios.
Para finalizar esta aula com um resumo bem interessante e divertido, assista ao vídeo: “Quer saber? Metrologia”.
Fonte: YouTube - Canal Dana
Nesta aula, aprendemos que a metrologia sempre teve uma função essencial para a humanidade. Cada país tinha seu sistema de medidas, e isso causava dificuldades no comércio internacional. Para tentar resolver o problema, foi criado, em 1789, o Sistema Métrico Decimal, constituído de três medidas: metro, litro e quilograma.
No Brasil, usamos o Sistema Internacional de Unidades (SI), que facilita o entendimento de informações nas relações comerciais e científicas em todo o mundo.
Estudamos a importância e a necessidade de medirmos as propriedades de objetos ou fenômenos para conhecê-los melhor, possibilitando, assim, seu aperfeiçoamento e a realização de trocas comerciais.
Observamos que fazem parte da metrologia as seguintes áreas: a metrologia científica, a metrologia industrial e a metrologia legal. Também estudamos que a metrologia dá suporte para as atividades de avaliação da conformidade e de acreditação.
BRASIL. Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial. Resolução nº 12, de outubro de 1988. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 12 de out. 1988. Seção 1, p. 20526-20531.
BRASIL. Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial. Resolução nº 4, de 5 de dezembro de 2012. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 27 de dez. 2012. Seção 1, p. 256.
BRASIL. Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia. Portaria nº 590, de 2 de dezembro de 2013. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 9 de dez. 2013. Seção 1, p. 102.
BRASIL. Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia. Vocabulário Internacional de Termos de Metrologia Legal (VIML 2016). Portaria Inmetro nº 150, de 29 de março de 2016. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF, 31 de mar. 2016. Seção 1, p. 80.
BRASIL. Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia. Site Oficial. Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br>. Acesso em: 18 mar 2019.
CARVALHO, Julia. Conheça os bastidores da produção de um avião na Embraer. Revista Exame (reportagem). Disponível em: < https://exame.abril.com.br/negocios/conheca-os-bastidores-da-producao-de-um-aviao-na-embraer/ >. Acesso em: 19 maio 2019.
DIAS, José Luciano de Mattos. Medida, normalização e qualidade: aspectos da história da metrologia no Brasil. Rio de Janeiro: Ilustrações,1998.
INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, QUALIDADE E TECNOLOGIA. Site. Metrologia Legal. Disponível em: <http://www.inmetro.gov.br/metlegal/index.asp>. Acesso em: 19 maio 2019.
INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA, QUALIDADE E TECNOLOGIA. Vocabulário internacional de metrologia: conceitos fundamentais e gerais e termos associados (VIM 2012). Rio de Janeiro: [s. n.], 2012. Tradução de: International vocabulary of metrology – basic and general concepts and associated terms - JCGM 200:2012. 3rd ed. 2012.
INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION. International standard ISO 5725-3:1994: technical corrigendum 1: Accuracy (trueness and precision) of measurement methods and results: part 3: intermediate measures of the precision of a standard measurement method. Suíça, 2001.